Intervenção no Choque: Condutas, Monitorização e Volume de Fluidos

Intervenção no Choque: Condutas, Monitorização e Volume de Fluidos

Como intervir diante de um quadro de choque?

A intervenção no choque exige uma abordagem sistematizada e rápida. Após reconhecer os sinais clínicos, o foco deve ser imediato em avaliar, monitorar e intervir, reduzindo o risco de progressão para parada cardiorrespiratória (PCR).


Avaliação inicial

O primeiro passo é realizar a avaliação primária, que foca nos elementos do ABCDE — Via aérea, Respiração, Circulação, Estado neurológico e Exposição. Logo após, siga para a avaliação secundária, aprofundando na história clínica (SAMPLE) e no exame físico detalhado.

Esse processo está dentro da lógica do Avaliar > Identificar > Intervir, pilar essencial do suporte pediátrico avançado.


Monitorização imediata

A monitorização contínua é indispensável em qualquer caso suspeito de choque. Deve incluir:

  • Monitorização cardíaca: ritmo, pulso e risco de PCR.
  • Oximetria de pulso: saturação de oxigênio em tempo real.
  • Medições frequentes da pressão arterial: ajuda a diferenciar entre choque compensado e hipotensivo.

Acesso vascular e volemia

A hidratação intravenosa (IV) ou intraóssea (IO) deve ser iniciada assim que possível. Os tipos de acesso e a escolha entre eles dependem da gravidade:

  • Acesso periférico: preferível em choque compensado.
  • Acesso central: indicado em casos de choque hipotensivo.
  • Acesso intraósseo (IO): sempre deve estar pronto para ser utilizado em falha ou atraso na obtenção do acesso venoso.

⚠️ A volemia infundida por minuto depende do tipo de acesso e do calibre do cateter. Acesso IO bem posicionado pode ter fluxos semelhantes ao acesso central de grande calibre.


Fluidoterapia por tipo de choque

Abaixo, um comparativo essencial sobre volume, velocidade de administração e condutas conforme o tipo de choque:

Tipo de ChoqueVolume InicialVelocidadeObservaçõesLink
Hipovolêmico20 mL/kg10 a 20 minRisco de embolia gasosa. Reavaliar após cada bolus.Leia mais
Distributivo20 mL/kg10 a 20 minRisco de embolia gasosa. Avaliar necessidade de vasopressores.Leia mais
Cardiogênico5 a 10 mL/kgLentamente, em 10 a 20 minCuidado com edema pulmonar. Pode repetir, com cautela.Leia mais
Obstrutivo20 mL/kg10 a 20 minRisco de embolia gasosa. Sempre investigar e tratar a causa base.Leia mais

Considerações importantes

  • Os fluidos de escolha são cristaloides isotônicos, como:

    • Soro fisiológico (NaCl 0,9%)
    • Ringer-lactato
  • NUNCA utilize soluções com dextrose ou glicosadas em bolus.

  • Em pacientes com febre sem sinais de choque, o uso de fluidos IV em bolus não está indicado — e pode gerar complicações.

  • Muitos pacientes necessitam de inotrópicos, como epinefrina ou milrinona.


Resumo prático

  1. Avalie com base na abordagem primária e secundária.
  2. Monitore saturação, PA e ritmo cardíaco constantemente.
  3. Garanta acesso vascular rápido — periférico (se compensado), central ou IO (se hipovolêmico).
  4. Ofereça fluidos de tipo e em volume adequados ao tipo de choque.
  5. Evite erros comuns: não faça bolus para febre sem sinais de choque, fluidos glicosados ou deixe de reavaliar.
  6. Esteja pronto para administrar inotrópicos quando necessário.

🚨 O mais importante é reconhecer o choque, caracterizar corretamente seu tipo e agir rápido!


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