A função da epinefrina (adrenalina) na RCP pediátrica

A função da epinefrina (adrenalina) na RCP pediátrica

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Introdução

A epinefrina (conhecida também como adrenalina) é um dos medicamentos mais críticos durante a reanimação cardiopulmonar (RCP), especialmente em contextos pediátricos. Os protocolos mais recentes do PALS (Pediatric Advanced Life Support) reforçam que o uso precoce da epinefrina, preferencialmente dentro dos primeiros 5 minutos de RCP, está associado a maiores taxas de retorno da circulação espontânea (ROSC) e melhores desfechos neurológicos.

Neste post, você vai entender como a epinefrina atua no organismo durante a RCP, sua função como agente de perfusão coronariana e cerebral, e por que a administração precoce pode ser decisiva para a sobrevida de crianças em parada cardiorrespiratória.


Mecanismo de ação da epinefrina na RCP

Durante a parada cardiorrespiratória, há queda abrupta da perfusão tecidual, o que compromete órgãos vitais como o cérebro e o coração. A epinefrina, ao ser administrada durante a RCP, age por meio de receptores alfa e beta-adrenérgicos, promovendo efeitos cruciais para a reanimação:

1. Vasoconstrição periférica (Receptores alfa-1)

  • Aumenta a pressão de perfusão coronariana.
  • Direciona o fluxo sanguíneo para órgãos vitais, principalmente coração e cérebro.
  • Essencial para gerar um fluxo mínimo necessário para o retorno da circulação espontânea (RCE, segundo o PALS).

2. Melhora da perfusão cerebral

  • A vasoconstrição periférica preserva o débito sanguíneo cerebral.
  • Isso reduz o risco de lesões neurológicas permanentes, contribuindo para melhores desfechos neurológicos pós-RCP.

3. Estímulo cardíaco (Receptores beta-1)

  • Aumenta a frequência cardíaca e a força de contração miocárdica assim que a circulação retorna.
  • Facilita o restabelecimento de um ritmo cardíaco eficaz.

Por que administrar epinefrina nos primeiros 5 minutos?

De acordo com os guidelines atualizados do PALS, o uso precoce da epinefrina — idealmente nos primeiros 5 minutos de RCP em ritmos não chocáveis (assistolia ou AESP) — está diretamente associado a:

  • Maior chance de ROSC (retorno da circulação espontânea)
  • Melhor perfusão coronariana e cerebral
  • Maior taxa de sobrevivência com boa função neurológica
  • Redução da lesão hipóxica cerebral e dano miocárdico irreversível

📌 Estudos mostram que atrasos na administração da epinefrina estão ligados a menores taxas de sobrevida e piores desfechos neurológicos.


Dose e via de administração recomendadas (PALS 2020+)

  • Dose IV/IO: 0,01 mg/kg a cada 3 a 5 minutos
  • Concentração: 1:10.000 (0,1 mg/mL)
  • Via preferencial: IV ou IO (intraóssea)
  • Administração endotraqueal (via pouco recomendada): só em último caso, com dose de 0,1 mg/kg

Uma dica importante é saber fazer a diluição e titulação correta da medicação.

Para isso, segue a melhor forma de fazê-lo:

  • Separe 1mL de Epinefrina (ampola de 1mg/mL)
  • Dilua em 9mL de SF 0,9%
  • Agora a sua solução está a 0,1mg/mL, assim como o PALS recomenda

Para uma criança de 15kg, daremos, por exemplo, 1,5mL (0,01 mg/kg × peso da criança). Para 20kg, 2,0mL e assim por diante.

Super simples, né?

Peso da CriançaDose diluida (1mg/mL Epinefrina) + 9mL SF 0,9%
1kg0,1mL
3kg0,3mL
5kg0,5mL
10kg1,0mL
20kg2,0mL
505,0mL

Finalizando

A epinefrina continua sendo o principal fármaco na reanimação pediátrica. Seu uso precoce é uma das intervenções com maior impacto na sobrevida de crianças em parada cardiorrespiratória, segundo os protocolos mais recentes do PALS (AHA).

Além de aumentar a perfusão coronariana, ela mantém a oxigenação cerebral e potencializa as chances de um desfecho com mínimas sequelas neurológicas. Por isso, não postergar sua administração é fundamental.


Dicas para profissionais da saúde

✅ Sempre que possível, prepare a dose de epinefrina enquanto a RCP de alta qualidade é iniciada.
Não espere o fim do primeiro ciclo para administrar. O tempo é cérebro, é coração — e é vida.


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