O2 de Alto Fluxo: Indicações, Dispositivos e Cuidados

O2 de Alto Fluxo: Indicações, Dispositivos e Cuidados

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Introdução

A oxigenoterapia de alto fluxo é uma estratégia utilizada em pacientes pediátricos com insuficiência respiratória moderada a grave, quando o sistema de baixo fluxo já não é suficiente para garantir uma oxigenação adequada.

Diferente dos dispositivos simples, os sistemas de alto fluxo permitem o fornecimento de altas concentrações de O₂, muitas vezes com a capacidade de aumentar a pressão positiva nas vias aéreas, o que ajuda a reduzir o esforço respiratório e melhora a recrutabilidade alveolar.


Características dos sistemas de alto fluxo

Os sistemas de alto fluxo podem ter concentração fixa ou variável de oxigênio, permitindo ao profissional de saúde titular a FiO₂ de acordo com a necessidade clínica.

Para funcionar de forma eficaz e segura, esses sistemas devem incluir:

  • Máscara vedada (sem vazamentos de ar)
  • Válvula unidirecional (impede reinspiração de CO₂)
  • Reservatório de oxigênio (acumulador que mantém FiO₂ alta)

💡 A presença desses componentes é essencial para garantir que o paciente receba o volume e a concentração adequada de O₂, especialmente em situações críticas.


Exemplos de dispositivos de alto fluxo

🔸 Máscara sem reinalação (com reservatório)

  • Sistema simples, mas altamente eficaz para fornecer altas concentrações de oxigênio (FiO₂ até 95–100%)
  • Deve ser conectada diretamente à fonte de O₂, com fluxo de 10 a 15 L/min
  • O reservatório deve permanecer parcialmente expandido durante toda a ventilação
  • Válvulas unidirecionais evitam que o ar exalado retorne ao reservatório

📌 Muito útil em situações de hipoxemia grave, com esforço respiratório significativo, em pacientes ainda conscientes e respirando espontaneamente.


🔸 Cânula nasal de alto fluxo (HFNC – High Flow Nasal Cannula)

  • Permite fluxo contínuo de oxigênio aquecido e umidificado
  • Volume ajustável conforme idade e peso:
    • Bebês: a partir de 4 L/min
    • Adolescentes: até 40 L/min
  • Permite titulação da FiO₂ (geralmente entre 21% a 100%)
  • Cria uma pressão positiva contínua nas vias aéreas (semelhante ao CPAP), o que ajuda na redução do esforço respiratório e na eliminação do CO₂

📌 Muito utilizada em bronquiolite grave, pneumonia com hipoxemia persistente, e crianças em desconforto respiratório agudo, que ainda mantêm respiração espontânea.


Vantagens do alto fluxo

  • Permite pressão positiva inspiratória e expiratória leve, mesmo sem dispositivos invasivos
  • Mantém oxigenação adequada sem necessidade imediata de intubação
  • Reduz trabalho respiratório
  • Melhora a eliminação de CO₂ e ajuda na lavagem do espaço morto

💡 Pode ser uma alternativa não invasiva à ventilação mecânica em muitos casos, ganhando tempo clínico para resposta à terapia de base.


Considerações clínicas

Apesar dos benefícios, o monitoramento contínuo é indispensável. A titulação da FiO₂ e do fluxo deve considerar:

  • Tamanho da criança
  • Volume respiratório
  • Saturação periférica de O₂ (SpO₂)
  • Frequência respiratória e padrão respiratório

Caso haja falha na oxigenoterapia de alto fluxo (saturação persistente < 90%, aumento do esforço respiratório, rebaixamento de consciência), é necessário considerar:


Conclusão

A oxigenoterapia de alto fluxo é uma ferramenta poderosa no arsenal do profissional de saúde que atua com emergências pediátricas. Saber quando iniciar, como ajustar e quais dispositivos utilizar pode fazer a diferença entre estabilizar um paciente ou precisar escalar rapidamente para uma via aérea avançada.

👉 Não se esqueça de associar essas decisões à avaliação primária do PALS e à lógica de avaliar, identificar e intervir.


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