As 4 Principais Causas de Emergências Respiratórias no PALS

As 4 Principais Causas de Emergências Respiratórias no PALS

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Introdução

A insuficiência respiratória é uma das principais causas de parada cardiorrespiratória em crianças. No protocolo PALS (Suporte Avançado de Vida Pediátrico), é fundamental reconhecer precocemente os sinais de deterioração respiratória para intervir de forma eficaz.

As emergências respiratórias podem ser classificadas em quatro categorias principais, que ajudam o profissional a pensar de forma lógica, identificar rapidamente a causa e agir com precisão:

🔵 Obstrução de vias aéreas superiores
🟠 Obstrução de vias aéreas inferiores
🔴 Doenças do tecido pulmonar
🟣 Distúrbios do controle respiratório


1. 🔵 Obstrução das Vias Aéreas Superiores

A obstrução das vias aéreas superiores (acima da carina) envolve estruturas como a laringe, faringe, traqueia superior e pode levar rapidamente à hipoxemia grave. É caracterizada por um aumento da frequência e do esforço respiratórios.

Causas comuns:

  • Corpo estranho (aspiração)
  • Laringite viral (crupe)
  • Epiglotite
  • Abscesso retrofaríngeo
  • Trauma de face/pescoço

Sinais clínicos:

  • Estridor inspiratório
  • Rouquidão
  • Tosse seca ou abafada
  • Salivação
  • Ronco
  • Gorgolejos
  • Fala prejudicada
  • Flaring nasal e retratação supraclavicular
  • Posição de "tripé" (criança sentada, inclinada para frente)

📌 Conduta: Desobstrução imediata, suporte de oxigênio, preparo para via aérea avançada (intubação). Sempre importante se atentar à posição do paciente, este quadro pode ser aliviado através de posição de conforto!

👉 Veja também: Avaliação da Via Aérea


2. 🟠 Obstrução das Vias Aéreas Inferiores

A obstrução das vias aéreas inferiores afeta brônquios e bronquíolos, dificultando a passagem do ar principalmente na expiração. É caracterizada por um aumento da frequência e do esforço respiratórios.

Causas comuns:

  • Asma
  • Bronquiolite
  • Broncoespasmo
  • Corpo estranho em brônquio

Sinais clínicos:

  • Sibilos expiratórios
  • Fluxo de ar reduzido
  • Prolongamento da expiração
  • Tosse seca ou produtiva
  • Hipoxemia e taquipneia
  • Aumento do esforço respiratório (com uso de músculos acessórios)

📌 Conduta: Administração de broncodilatadores, suporte ventilatório se necessário, e monitoramento contínuo da saturação.

👉 Veja também: Frequência Respiratória Ideal na RCP Pediátrica


3. 🔴 Doença do Tecido Pulmonar

Aqui o problema está no parênquima pulmonar, dificultando a troca gasosa. O pulmão pode estar inflamado, cheio de secreções, colapsado ou encharcado, comprometendo a oxigenação mesmo com uma via aérea desobstruída. É caracterizada por um aumento da frequência e do esforço respiratórios.

Causas comuns:

  • Pneumonia
  • Edema pulmonar (cardiogênico ou não)
  • Síndrome do desconforto respiratório
  • Aspiração de conteúdo gástrico
  • Hemorragia pulmonar

Sinais clínicos:

  • Estertores ou crepitações à ausculta
  • Gemência
  • Menor fluxo de ar
  • Saturação baixa mesmo com oxigênio suplementar
  • Tiragem intercostal
  • Cianose
  • Respiração rápida e superficial

📌 Conduta: Oxigenoterapia, antibióticos (quando indicado), suporte ventilatório, tratamento da causa base.

👉 Reforce com: Avaliação Primária no PALS


4. 🟣 Distúrbios do Controle Respiratório

Nessa categoria, o problema não está nas vias aéreas nem no pulmão, mas no controle neurológico da respiração. Pode haver uma diminuição do estímulo respiratório ou falência muscular. É caracterizada por um padrão irregular ou baixa frequência respiratória e respiração superficial. O fluxo de ar pode estar normal ou reduzido.

Causas comuns:

  • Convulsões prolongadas
  • Depressão do SNC (trauma, infecção, intoxicação)
  • Hipoglicemia
  • Paralisia (Guillain-Barré, miastenia grave)
  • Doenças neuromusculares
  • PCR
  • Intoxicação
  • Overdose

Sinais clínicos:

  • Bradipneia ou apneia
  • Respiração irregular
  • Nível de consciência ou estado mental alterado
  • Pupilas anormais (veja aqui)
  • Hipoventilação sem sinais de obstrução de via aérea

📌 Conduta: Garantir oxigenação, via aérea definitiva se necessário, tratar a causa neurológica/metabólica, monitorar o nível de consciência (avaliar consciência).


Resumo: Pensamento Clínico em 4 Passos

Sempre que houver sinais de dificuldade respiratória, pense nestas 4 grandes causas:

CausaLocalizaçãoSinais típicosExemplo
Obstrução de vias aéreas superioresAcima da carinaEstridor, tosse abafadaCrupe, epiglotite
Obstrução de vias aéreas inferioresBrônquiosSibilos, expiração prolongadaAsma, bronquiolite
Doença do tecido pulmonarAlvéolos/pulmõesEstertores, hipoxemia persistentePneumonia, edema pulmonar
Distúrbios de controle respiratórioSNC/músculosBradipneia, apneiaTrauma craniano, intoxicação

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