
Complicações da Aspiração de Via Aérea no PALS
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Introdução
A aspiração da via aérea é uma das manobras mais comuns — e críticas — no atendimento de emergências respiratórias pediátricas. Utilizada para remover secreções, sangue ou vômito, ela é frequentemente necessária antes de realizar a ventilação com pressão positiva ou durante o suporte com via aérea avançada.
No entanto, se feita de forma inadequada ou sem os devidos cuidados, a aspiração pode causar complicações graves, agravando ainda mais o quadro clínico da criança.
Complicações associadas à aspiração de via aérea
Durante a aspiração, é fundamental estar atento aos riscos imediatos associados ao procedimento. As principais complicações incluem:
- ❗ Hipóxia: pode ocorrer por interrupção da ventilação durante a aspiração.
- ❗ Estímulo vagal: a estimulação da orofaringe ou da traqueia pode levar à bradicardia reflexa.
- ❗ Bradicardia: resultado de estímulo vagal intenso ou hipóxia.
- ❗ Engasgo ou vômito: especialmente se o paciente estiver consciente ou mal posicionado.
- ❗ Lesão tecidual: aspiração agressiva ou mal direcionada pode causar trauma em mucosa.
- ❗ Agitação intensa: em pacientes pouco sedados ou não colaborativos, pode dificultar o procedimento.
⚠️ Por isso, cada aspiração deve ser rápida, técnica e com monitoramento constante da criança.
Técnica correta de aspiração
A realização segura da aspiração depende de habilidade técnica e atenção à resposta clínica do paciente.
Etapas essenciais:
- Higienizar as mãos e usar EPI adequado.
- Selecionar a sonda compatível com a idade e peso da criança.
- Conectar a sonda à fonte de vácuo com pressão ajustada (geralmente entre 80–120 mmHg em pediatria).
- Oxigenar a 100% com bolsa-válvula-máscara antes de iniciar.
- Introduzir a sonda sem aspiração ativa, com cuidado até a base da língua ou traqueia, conforme o objetivo.
- Ativar a sucção por no máximo 10 segundos (ideal: menos que isso).
- Retirar a sonda com movimento contínuo e rotatório.
⏱️ Dica prática PALS: Cada aspiração deve durar até 10 segundos. Procedimentos prolongados podem causar hipoxemia grave.
Entre cada aspiração: oxigênio a 100%
Após cada tentativa, é essencial garantir que a criança esteja sendo reoxigenada com O₂ a 100%, utilizando bolsa-válvula-máscara caso necessário. Isso ajuda a evitar a queda de saturação e a descompensação respiratória.
Monitoramento: o tripé da segurança
Durante o procedimento, monitore constantemente:
- ✅ Frequência cardíaca (FC)
- ✅ Saturação de oxigênio (SpO₂)
- ✅ Aparência clínica geral (cor, tônus, resposta ao estímulo)
🚨 Se qualquer um desses três parâmetros se alterar negativamente, o procedimento deve ser IMEDIATAMENTE interrompido.
O que fazer se houver deterioração?
Se, durante ou após a aspiração, a criança apresentar:
- Queda da FC
- Queda da SpO₂
- Cianose, palidez ou perda de tônus
A conduta imediata deve ser:
👉 Interromper a aspiração
👉 Iniciar ventilação com Ambu a 100%
👉 Manter até melhora clínica e estabilidade dos parâmetros
💡 A ventilação manual com pressão positiva é o suporte de escolha até a criança recuperar estabilidade.
Conclusão
A aspiração da via aérea é uma manobra fundamental, porém cheia de riscos se realizada incorretamente. Saber como aspirar, quando parar e como intervir rapidamente em caso de complicações é uma das competências essenciais no protocolo do PALS.
Nunca subestime a complexidade de um procedimento simples.
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✅ Veja também:
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- Emergências Respiratórias no PALS
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